Remígio é a sétima parada da Rota Cultural Caminhos do Frio, na Paraíba

A Rota Cultural Caminhos do Frio chega na cidade que sustenta o título de ter o único cinema de rua da Paraíba. O Cine RT mantém a tradição de exibir os grandes clássicos do cinema nacional e internacional desde 2012 e, não por acaso, será uma das atrações da programação da Rota Cultural, que foi aberta na noite desta segunda-feira (12) em Remígio, a sétima escala do projeto, que já passou pelas cidades de Areia, Pilões, Matinhas, Solânea, Serraria e Bananeiras. No sábado à noite, a principal atração musical será Geraldo Azevedo.

A abertura aconteceu na Vila do Frio, local de maior fluxo de pessoas, e contou com um show especial Baixinho do Pandeiro que, claro, apresentou uma série de músicas emblemáticas do mestre Jackson do Pandeiro que, aliás, é o homenageado da Rota Caminhos do Frio deste ano, pelo centenário do artista que colocou a Paraíba no mapa cultura internacional.

Assim como tem sido nas outras cidades onde a Rota Cultural tem passado, as atividades realizadas durante a semana busca elevar a auto-estima dos moradores, em especial, dos talentos da terra. Na programação haverá uma série de Oficinas, Feria de Artesanato e Gastronomia, Chá Literário, Roda de Capoeira, Chá Agroecológico, Café Multicultural, passeios pela região e competições esportivos e, não podia faltar, exibição de filmes.       

Remigio, apesar de ser uma cidade pequena, encravada na região do Brejo paraibano, tem bastante atrativos para os turistas, como o próprio Cine RT. Há também muitas histórias, como a Maternidade dos negros e Tanques de pedra, que é uma estrutura de pedra que guarda em si momentos vividos por mulheres negras escravas, que próximo a conceber os seus filhos eram trazidas para esse espaço denominado maternidade dos negros, onde eram realizados os partos e onde ficavam as crianças recém-nascidas.

Segundo os historiadores, as crianças nascidas ali passavam dois anos com as mães biológicas, depois, eram separadas delas e criadas pelas mães de leite até ingressarem no trabalho pesado e passarem para as senzalas. Próximo a maternidade dos negros há também os antigos tanques de pedra que serviam para armazenar água potável, os tanques estão numa área de lajedo, o que facilitava o escoamento e armazenamento da água por longos períodos.

Há também a produção agroecológica de algodão, trabalho feito pela Associação dos Produtores do Assentamento Queimadas, que fica na Zona Rural de Remígio e é aberta para visitação, oferecendo aos visitantes a experiência de conhecerem as fases da plantação até a colheita. A associação possui o certificado do Ministério da Agricultura como produção orgânica, já que não é utilizado nenhum tipo de agrotóxico no plantio. A produção chega em média a 15 toneladas de algodão por ano, sendo 28 produtores associados que somam 35 hectares de plantação de algodão, principalmente algodão branco.

Os assentados produzem também sem agrotóxicos milho, feijão, fava, batata doce, jerimum, gergelim, girassol e coentro. Esses produtos também podem ser comprados pelos turistas na visitação. O melhor período de visitação é a floração de junho e julho e a colheita vai de outubro a novembro.

E, no Bangalô, uma casa antiga com formato colonial, que fica próximo à margem do rio Pirangi Mirim, guarda a história de uma moradora da cidade chamada Tereza, que havia saído da cidade para estudar na Europa e, quando retornou, passeando a margem do rio encontrou um escravo pelo qual se apaixonou. Tereza se encontrava as escondidas com o escravo, mas o seu pai descobriu o seu romance e a proibiu trancando-a em seu quarto.

A moça, no entanto, conseguiu escapar e ao se encontrar com o escravo se amaram ainda mais e assim, com o tempo, descobriu sua gravidez. O bangalô traz esse romance em sua história e na visitação que normalmente é feita seguindo uma trilha, os visitantes descobrem o ponto final da vida de Tereza e da narrativa que norteia a região da casa. A trilha inicia às 7h, partindo da maternidade dos negros e segue até o bangalô. No caminho vê as imagens do relevo, montanhas, cactáceas e as Serras de São Pedro.

Fábio Cardoso

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